Do livro "Cartas a Columbano" de M.Teixeira Gomes (páginas 7 e 8.)ARGEL,20-1-26
Querido amigo;
O primeiro mês da minha viagem foi todo em perpétuo mobile: cinematográfico.
Admirado estou de que tão rápidas e numerosas mutações me não aborreçam.
É que o meu caso assemelha-se ao do prisioneiro liberto após o cumprimento de
longa e rigorosa pena. Tudo me alegra e diverte. Outrora viajei sempre devagar,
por um secreto sentimento de dignidade. Correr é ridículo,salvo nas exibições
desportivas. Como se pode ter a consciência daquilo que se vê, se andarmos a galope.
Falar, por exemplo, das impressões da paisagem, que ficam de uma correria em
automóvel, é pura mistificação: para os outros e para nós mesmos...
Em Setúbal o meu vapor, o "Zeus" fez três ou quatro avançadas para a barra,
que fica pelo mar fora, muito longe da cidade, e, como a barra não desse saída,
foram outros tantos regressos, a horas diversas e luzes diferentes. O panorama
ali é soberbo. Levanta-se a costa quase a pique, altíssima e recortada, feita de argila
vermelha, ferruginosa, toda tinhosa de vegetação verde-negra, e dominada pelo esporão
onde assenta o formidável castelo de Palmela; depois os castelos de S.Filipe e do Outão
e, na espessura da Arrábida, o convento desesperadamente ermo, com as celas dispersas,
a escorregarem para o mar.
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Outro gosto em comum: Manuel Teixeira Gomes.
ResponderEliminarAinda não perdi a esperança de ir a Bejaia (Bougie, quando MTG se foi lá exilar).
Bom dia!
É para mim um personagem fascinante, sob vários aspectos.
EliminarDesejo que consiga concretizar essa sua esperança.
Agradeço o comentário e mais uma vez vou dizer, até breve.